Olá! Hoje vamos falar sobre um assunto que costuma deixar os pais de cabelo em pé! A recusa das crianças a consumirem determinados alimentos ou até mesmo uma refeição inteira. É o famoso “meu filho não quer comer”. Pois é, chega a hora do almoço e do jantar e começa aquela “luta” para a criança se alimentar. Nessas horas a criança costuma dizer que não quer comer, recusar uma preparação e principalmente alimentos novos. Mas então, o que fazer?
Se preferir, confira o vídeo no meu canal do YouTube:
Primeiramente, não se desespere!
É normal as crianças sentirem menos fome ou saciadas mais cedo. Isso porque, após o primeiro ano de vida, há uma redução no ritmo de crescimento, com diminuição da velocidade de ganho de peso e estatura. Isso faz com que a criança necessite de menos energia em relação ao seu peso durante essa fase. Então, se seu filho não quer comer tanto quanto você gostaria, não se desespere. O ritmo de crescimento voltará a se acelerar com o início do estirão de crescimento a partir dos 10 anos de idade, quando começa a haver as mudanças corporais características da puberdade e princípio da adolescência.
Comer pouco não significa que ela está mal alimentada.
Quando o filho não quer comer, os pais tendem a ficar inseguros achando que a criança está se alimentando de maneira insuficiente. É muito comum pensar que a criança precisa de uma quantidade determinada de alimentos, mas na verdade a necessidade dela é menor. Por isso, muitas vezes a criança não consegue comer a refeição toda que foi colocada em seu prato.
O acompanhamento da curva de crescimento das crianças feito pelo pediatra e pelo nutricionista é que realmente irá indicar se há ganho de peso e estatura insuficiente para esta faixa etária.
Se após essa avaliação houver um desenvolvimento de peso e estatura abaixo do esperado para a faixa etária, é aconselhado que os pais procurem ajuda. O nutricionista irá avaliar o hábito alimentar da criança e da família e sugerir mudanças que irão promover a sua adequação alimentar. Isso certamente fará com que a criança atinja as faixas de recomendação de peso e estatura para a sua idade, garantindo um desenvolvimento mais saudável.
O ministério da saúde disponibiliza gratuitamente em seu site na internet a versão digital da caderneta de saúde da criança. A mesma que seu filho recebeu na maternidade quando nasceu. Nesse material você irá encontrar as tabelas e curvas de acompanhamento do crescimento de seu filho ou filha. São duas versões: uma para os meninos e outra para as meninas, já que há alterações no padrão de crescimento entre os dois sexos. Nesse material você também vai encontrar várias informações e explicações para que você possa acompanhar o crescimento da criança com mais tranquilidade.
Para acessar esse material clique nos links abaixo:
Caderneta de saúde da menina:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menina_11ed.pdf
Caderneta de saúde do menino:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino_11ed.pdf
As crianças não aceitam alimentos novos de primeira
Quando colocadas diante de um alimento ou preparação que ela ainda não tenha comido, ou não se lembre, a reação mais comum das crianças é dizer que não gostam ou não querem.
Esse comportamento é conhecido como neofobia, que é o medo do novo. Isso pode ser modificado com a oferta repetida desses alimentos ou preparações em outros momentos. Por isso, diante de uma determinada recusa, procure oferecer novamente o alimento recusado num outro dia. Isso fará com que ele deixe de ser novo e a criança passe a aceita-lo melhor. Mas lembre-se, às vezes demora para que a criança realmente passe a aceitar o alimento. Pode ser que ela só aceite depois da terceira ou quarta tentativa. Por isso, continue oferecendo em pequenas quantidades até ela se acostumar.
Não obrigue seu filho a comer
Se seu filho não quer comer alguns alimentos, evite forçá-lo ou castigá-lo por isso. É normal que haja uma variação do seu apetite e da aceitação das refeições. Deixe que ele exerça o controle sobre sua fome e saciedade aprendendo assim um pouco mais sobre suas sensações. Isso fará com que ele consiga controlar melhor o seu consumo alimentar, principalmente em relação ao tamanho das refeições.
Ao obrigar ou castigar, a criança passa a associar os horários das refeições como sendo algo chato e não prazeroso e isso prejudica seu comportamento alimentar. O recomendado é fazer dos horários das refeições momentos alegres em família, onde a criança é incluída e tem abertura a saborear os alimentos de acordo com suas vontades e desejos.
O ambiente familiar é muito importante
Os pais e parentes próximos servem de modelo para as crianças. O que os pais costumam comer em casa na presença do filho influencia as suas preferências alimentares. Se os pais não têm o hábito de cozinhar ou comer alimentos saudáveis, automaticamente as crianças crescerão com esse hábito também, já que elas aprendem por imitação.
Do contrário, fica muito mais fácil a criança se alimentar de forma saudável se a família realizar as refeições juntas e preparar alimentos caseiros e saudáveis. Por isso, aproveite esse momento para melhorar os hábitos alimentares de todos.
Não adianta você forçar a criança a comer o prato de feijão, arroz, salada de legumes e carne se você está comendo pizza na frente dela. Mas se todos estiverem comendo essa mesma refeição a criança irá interpretar esse momento com mais naturalidade.
Deixe as chantagens e estratégias de distração de lado
Não use chantagens se seu filho não quer comer. Por exemplo, ao dizer que a criança só irá brincar se terminar de comer, ela irá ficar ainda mais ansiosa e agoniada para terminar de comer e então ir brincar, não prestando atenção no que está comendo. Se a criança estiver brincando e chegar a hora da refeição, avise a ela momentos antes que o almoço ou jantar irá ser servido em breve e que ela já deve ir se preparando.
O momento das refeições deve ser agradável, mas não um entretenimento. Deixe os brinquedos, TV, jogos de celulares, vídeos ou qualquer outra distração de lado. Lembre-se que a criança está numa fase onde há maior interesse no mundo à sua volta e menor na alimentação. Quando a criança se distrai no momento das refeições ela não presta atenção nos alimentos que está ingerindo e nem na quantidade deles. Isso pode fazer com que ela coma mais do que precise, e com isso não consiga aprender a controlar a sua ingestão de alimentos.
Sei que na prática é difícil fazer as crianças ficarem sentadas à mesa para se alimentar. Então deixe que elas manipulem e explorem os alimentos, no tempo delas. Isso auxilia no seu hábito alimentar também.
Não use doces e guloseimas como recompensas
Ao dizer para seu filho que se ele comer tudo irá ganhar sobremesa ou o seu doce favorito, você estará supervalorizando esses alimentos para a criança. Seria como se ela ganhasse um “prêmio” por comer os alimentos que você preparou para ela. Assim ela passa a não apreciar as refeições como deveria, dando valor apenas ao que vem depois.
A longo prazo esse comportamento pode levar até mesmo a um ganho de peso excessivo e prejuízos no desenvolvimento de um hábito alimentar saudável.
Tenha paciência
Deixe a criança comer no tempo dela e aguarde. Se ela se sentir saciada mais cedo, não tem problema. Retire o prato e respeite. Se ela sentir fome ela irá pedir comida, chorar ou ficar mais irritada. Nesse momento, ofereça alimentos saudáveis como frutas, por exemplo, se for nos horários entre o almoço e jantar.
Dê a oportunidade de a criança escolher
Deixe a criança ter mais autonomia nas suas escolhas alimentares. Por exemplo: dê a ela duas opções de frutas de sua preferência no lanche da tarde. Ao invés de perguntar – “o que você que lanchar?” diga– “você prefere mamão ou maçã no lanche”? Isso faz com que você mantenha o controle da situação, mas dá a criança a sensação de estar tomando a decisão.
Por isso também é importante que você faça duas preparações diferentes de legumes e deixe ela decidir qual prefere, ou se prefere as duas. Isso fará com que a criança aprenda a ter escolhas alimentares mais saudáveis.
Essas são apenas algumas sugestões de como lidar com essa fase do desenvolvimento das crianças.
A dificuldade das crianças na alimentação pode ser um grande desafio se não soubermos lidar com ela. Porém, todo esforço vale a pena para que nossas crianças possam crescer com mais saúde, e com hábitos alimentares mais saudáveis. Isso fará toda a diferença no seu desenvolvimento físico, mental, no fortalecimento de seu sistema imunológico e na proteção contra doenças. Também vai contribuir na formação de adultos com boas práticas alimentares, evitando assim uma série de distúrbios associados a alimentação como a obesidade, a diabetes, a hipertensão, o colesterol alto, etc.
E você? O que está acostumada a fazer quando seu filho não quer comer? Compartilhe sua experiência e deixe seu comentário! Até breve.