Olá mamães. Hoje vamos falar de um assunto que gera muita confusão: a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e a intolerância à lactose. Apesar de ambas terem uma causa em comum, o consumo de leite de vaca, elas apresentam importantes diferenças quanto a sua apresentação e desenvolvimento. E entendermos essas diferenças é fundamental para que haja o cuidado adequado das crianças que passam por isso.
Confira também o vídeo que fiz sobre o assunto no meu canal do Youtube:
Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)
A APLV é a forma mais comum de alergia alimentar. Ela tem início precoce, pois costuma aparecer ainda antes dos 3 anos de vida da criança. É mais comum em crianças com predisposição genética para o desenvolvimento desse tipo de alergia. A criança ainda em fase de amamentação pode apresentar sintomas que levem ao diagnóstico da APLV. As cólicas insistentes e os choros inconsoláveis podem ser um sinal da APLV.
Mas por que isso acontece?
A alergia alimentar atinge o sistema imunológico. Nesse caso o corpo identifica determinada substância presente no alimento como um invasor e desenvolve contra ele reações imunes que caracterizam a alergia. No caso do leite de vaca, há algumas proteínas como a caseína e a β-lactoalbumina que são as principais responsáveis pelo desencadeamento dessa resposta alérgica.
Como é o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pelo médico pediatra que acompanha a criança. Ele fará diversos testes e exames que irão demonstrar se realmente a criança está com APLV. Em seguida indicará o melhor tratamento médico.
Quais são os sintomas?
Os principais sintomas da APLV são vômitos, cólicas, diarreia, refluxo e em algumas crianças também pode ocorrer alterações na pele, como placas vermelhas e coceiras, além de algumas alterações respiratórias.
Tratamento:
Excluir leite e derivados da alimentação
Após a confirmação do diagnóstico feita pelo pediatra, há indicação expressa de se excluir o consumo de qualquer tipo de leite e derivados (queijos e iogurte por exemplo). Da mesma forma, deve ser excluído o consumo de qualquer alimento que contenha leite em seus ingredientes, como chocolate, bolos feitos com leite de vaca, certos tipos de biscoitos, alguns tipos de doces, etc.
Por isso é importante ficar muito atento ao rótulo dos produtos consumidos. Procure termos que indiquem a presença de leite de vaca no alimento. São eles: leite integral, leite semi-desnatado, leite desnatado, leite em pó, leite em pó desnatado, soro do leite, traços do leite, formulação láctea, preparação láctea, laticínios, proteína do leite de vaca, fermento lácteo, caseína, caseinato, lactoalbumina e lactoglobulina. Em caso de qualquer dúvida se há ou não a presença de leite no alimento, procure a informação direto com o fabricante.
Outra coisa muito importante é o cuidado com a contaminação cruzada. As bancadas e utensílios usados para o preparo dos alimentos da criança com APLV devem estar livres de qualquer vestígio de leite ou de seus derivados. Qualquer mínimo contato com a proteína do leite de vaca pode desencadear os sintomas da alergia na criança.
Cuidados importantes com a alimentação da criança com APLV
Quando há a retirada de leite e derivados da alimentação da criança, é muito importante que a alimentação como um todo seja revista. Isso porque, o cálcio é um dos nutrientes mais importantes para o crescimento e desenvolvimento saudável das crianças. E sem dúvidas a principal fonte de cálcio na alimentação é o leite e os derivados.
A retirada de leite e derivados da alimentação naturalmente ocasiona uma diminuição no consumo de cálcio. E o cálcio é um nutriente fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. O baixo consumo de cálcio na infância pode comprometer a formação e a manutenção das estruturas ósseas.
Por isso é muito importante que a criança consuma pela alimentação outros alimentos que também sejam fonte de cálcio. Vegetais como brócolis, couve, repolho e nabo, além dos feijões são boas fontes de cálcio, por exemplo. O uso de alimentos fortificados com cálcio também é uma excelente alternativa.
Mas considerando que há diversos fatores que prejudicam o aproveitamento do cálcio nesses outros alimentos, é importante que a dieta da criança com APLV seja bem equilibrada. Para isso é importante que se faça um acompanhamento nutricional adequado. Nele, a criança terá garantida uma alimentação equilibrada, prevenindo assim os riscos relacionados à deficiência desse e de outros nutrientes.
Intolerância à lactose
Diferentemente da APLV, a intolerância à lactose não envolve reações imunológicas. Ela é caracterizada por algumas alterações no intestino da criança que dificultam a digestão da lactose, um açúcar naturalmente presente no leite. A alteração mais comum é a deficiência de lactase, uma enzima responsável pela digestão da lactose. Nesse caso, quando a digestão da lactose não é feita adequadamente, há o aparecimento de sintomas intestinais como diarreia, gases, inchaço e dor abdominal.
Cuidados com a alimentação
Nesse caso não há necessidade de se retirar totalmente o leite e seus derivados da alimentação. Atualmente há muitas opções disponíveis no mercado de produtos isentos de lactose. Para isso a indústria já deixa a lactose na sua forma digerida o que faz com que a ingestão do alimento não ocasione os sintomas característicos.
O uso de iogurte e queijos pode ser considerado na sua forma natural, mas vai depender da tolerância individual de cada criança. Os iogurtes em função da sua forma de produção já apresentam a lactose parcialmente digerida, e pode ser consumido por crianças com graus leve ou moderado de intolerância à lactose.
A redução no consumo de leite e derivados por crianças com intolerância à lactose também pode prejudicar o crescimento ósseo adequado. Por isso, também é importante que se tenha atenção com a ingestão de outros alimentos que contenham cálcio.
Com isso, conseguimos ver as principais diferenças entre assas duas situações. Se seu filho for diagnosticado com APLV ou intolerância à lactose, fique tranquila. É plenamente possível atingir uma alimentação adequada do ponto de vista nutricional, garantindo o desenvolvimento saudável da criança. E em caso de dúvidas, não deixe de conversar com o médico e o nutricionista que acompanha seu filho.
Até o nosso próximo encontro!